Pergunto?











O equilíbrio. Várias filosofias de vida entre outros campos de conhecimento trazem o tal caminho do meio como o melhor para lidar com as questões da vida, em prol de buscar o equilíbrio nas coisas. Os ensinamentos do budismo, as dicas na hora de fazer entrevista, o símbolo Yin-Yang, os pais quando a gente tem que decidir alguma coisa, a análise da relação custo-benefício de algum produto.

Odisseia da reflexão
Quando estava lá na produção observando algum tipo de atividade e queria saber como funcionava, eu tinha que perguntar. Nesse momento, sempre vinha uma rotineira sequência de reflexões: “queria saber como faz isso. Vou perguntar. Mas será que não vai atrapalhar ele? Será que ele vai tá disposto a me explicar? Ah, acho que não, ele sabe que sou trainee. Ele sabe que tô aprendendo. Apesar de que deve ser um saco pra ele ficar me explicando as coisas a toda hora. Mas eu queria tanto saber como funciona isso, e ele tá bem ali, fazendo! Vou perguntar. Aliás, vamos ver se ele olha pra cá, aí fico com cara de interessado pra ver se ele dá uma abertura pra eu falar (...)”. As vezes a pessoa simplesmente terminava e saía. E o que se pensa neste momento, obviamente? “Devia ter perguntado...”

É aí que você pensa: “eu devo sim, perguntar, mas também não posso encher o saco”. É aquela coisa de ser “nem tanto, nem tão pouco”, ao invés de “8 ou 80”; porque ou você dá um jeito de perguntar às pessoas ou vai ter que ficar sempre tentando só bisbilhotar como ela faz ou deixa de fazer algo para poder entender e, francamente, sabemos que isso não funciona e certamente é terrível pra quem é o bisbilhotado. 

Principalmente quando se estuda comunicação, uma coisa que se aprende é que, mais importante que O QUÊ se diz, é COMO se diz. E isso não muda no contexto em questão. Ao invés de simplesmente se aproximar e mandar um “me explica isso aí!”, eu diria “caraca, como é que funciona esse negócio?”, ou mesmo um “pô, depois quando você puder eu queria te perguntar umas coisas sobre tal procedimento”, e por aí vai.

“Sou Trainee”
O bom de ser trainee é que todos compreendem sua situação. De uma certa forma, você já está em uma posição meio-termo. Você não é um estagiário, que ainda não se formou, que é geralmente tratado como “ralé” pelas pessoas da empresa, e também não é já um profissional experiente. Isso significa que você acaba não sendo tratado com bobo, mesmo que pergunte de tudo a toda hora, e ao mesmo tempo não tem a responsabilidade de alguém que possui o cargo. Você pode errar e não ser tão cobrado por isso, nem ser esculachado. As pessoas te compreendem.

Esse ano entraram novos trainees na área comercial. As meninas do RH pediram para nós participarmos da recepção deles, falando um pouco da experiência. Eu falei praticamente o que está escrito no parágrafo acima e finalizei com uma história: “outro dia eu estava andando pelado pelos corredores aí me gritaram ‘ei, você não pode fazer isso!’ e eu respondi ‘sou trainee!’ aí beleza”. Claro que a história não é verdadeira. O cara nem me chamou atenção porque já sabia que eu era trainee =). Brincadeirinha. Apesar de anedota, é uma boa analogia. E eu não diria que a historinha simplesmente quebrou o gelo do encontro, descongelou um iceberg inteiro, talvez.

Até hoje, inclusive, quando me encontram nos corredores, alguns dos novos trainees me cumprimentam com gestos de como se estivessem tirando a roupa.

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