Cada dia era diferente do outro, jamais era rotineiro.
Os horários, inclusive, se alteravam. Em um dia eu tinha que chegar no trabalho
às 14h, no outro, às 18h, no seguinte às 11h e assim ia levando. Por vezes
chegava em casa umas 2h da madrugada e tinha que estar lá de volta às 9h. Era
uma loucura. E sabe de uma coisa? Eu adorava. Quando estava no quarto me
preparando pra dormir pensava: "pô, fiz coisa pra caramba hoje, as coisas
deram certo e a gravação rolou. Eu produzi.”
Gravei embaixo de sol e embaixo de chuva (muita
chuva), em casas, em lagoa, na rua, na praça. Senti fome e almocei por conta em
bons restaurantes. Lidei com curiosos e com reclamação de vizinhos, conversei
com mulheres gostosas e com senhoras chatas, fui elogiado e cobrado. Hesitei,
comemorei, ouvi e falei. Vi, prestei atenção, notei e anotei. Levantei,
observei, andei corri esqueci me agoniei voltei peguei corri de novo coloquei
ajeitei. Descansei...
Severino
Acabei fazendo de tudo um pouco. Foi minha primeira
experiência com teledramaturgia, profissionalmente. E aproveitei bem. Uma função
que acabou caindo sobre mim em algumas externas que fazíamos era de "bater a
claquete". Antes de se iniciar a gravação da cena, lá ia eu correndo com a
claquete na mão. Dava uma olhada no plano de gravação para conferir qual era a
cena, escrevia na claquete e pousava para a câmera. Umas vezes, quando eu
esquecia, me gritavam: cadê o claqueteman?!
Inclusive aprendi uma “manha”. Quando deixava de bater a claquete antes do início da gravação de determinada cena, o fazia no final, com a claquete de cabeça pra baixo. Assim, no momento da edição, vê-se que aquela claquete refere-se às gravações anteriores. Aparenta ser um recurso bem simplório, e de fato é, contudo achei assaz prestativo e interessante. Facilitar o trabalho do próximo é essencial.
Inclusive aprendi uma “manha”. Quando deixava de bater a claquete antes do início da gravação de determinada cena, o fazia no final, com a claquete de cabeça pra baixo. Assim, no momento da edição, vê-se que aquela claquete refere-se às gravações anteriores. Aparenta ser um recurso bem simplório, e de fato é, contudo achei assaz prestativo e interessante. Facilitar o trabalho do próximo é essencial.
Uma parte importante pela qual também me
responsabilizei foi ficar como anotador; anotando, take a take,
os timecodes e as respectivas observações do
tipo: “não valeu”, “problema no áudio”, “boa”, “usar essa”, e por aí vai. Era até chique andar com a prancheta na mão. Eu
procurava não me limitar a nenhuma determinada função. Eu cumpria com tais
obrigações e “me jogava” em tudo o que precisasse fazer. Carregava iluminação,
distribuía água e os rádios de comunicação pra equipe, dava assistência aos
atores, aprendi até truques de maquiagem pra vídeo.
Outra parte que curti foi a direção de arte e a cenografia, onde volta e meia também me metia a assistente. Na cena, praticamente uns 90% do que aparece na tela foi de alguma forma trabalhado pra aparecer daquele jeito. Os outros 10% são detalhes dispensáveis ou coisas que não dava pra tirar, tipo uma parede (rs). Pra cada cena havia determinados objetos, pesquisados de acordo com cada cena e que, no momento da gravação, precisavam permanecer ali, daquele jeito, naquele local. Depois de arrumados em seus devidos lugares o trabalho com eles era menos intenso, mas o cuidado era ininterrupto, até porque ao final havia de se organizar a locação (casa, apartamento, quintal, etc.) exatamente como estava antes. Nossa,assim
você me mata! dá trabalho viu!
Outra parte que curti foi a direção de arte e a cenografia, onde volta e meia também me metia a assistente. Na cena, praticamente uns 90% do que aparece na tela foi de alguma forma trabalhado pra aparecer daquele jeito. Os outros 10% são detalhes dispensáveis ou coisas que não dava pra tirar, tipo uma parede (rs). Pra cada cena havia determinados objetos, pesquisados de acordo com cada cena e que, no momento da gravação, precisavam permanecer ali, daquele jeito, naquele local. Depois de arrumados em seus devidos lugares o trabalho com eles era menos intenso, mas o cuidado era ininterrupto, até porque ao final havia de se organizar a locação (casa, apartamento, quintal, etc.) exatamente como estava antes. Nossa,
Já falei que por vezes carreguei iluminação tambêm?
Pois é. Como Batman em Gothan City, assim que percebia algum “chamado”, vestia a minha
roupa, colocava minha capa e corria para atender. Tripés, tipos de luzes, filtros entre outros elementos foram entrando no meu repertório. Até
fui “apresentado” a um tipo de iluminação utilizada para gravações à noite,
chamada “HMI”. Muito prazer. Ela fica posicionada a uma certa distância
de onde acontece a cena e dá uma base pra iluminação. Sem ela, mesmo com as luzes mais próximas da cena é possível que a imagem fique escura.
Na hora das minhas fofas e pertinentes perguntas, procurava ser rápido. Apesar de a equipe ser bem eficiente e tranquila, o clima de correria era uma constante. Era PRECISO concluir as gravações e, além disso, prolongar o tempo de trabalho não é daquelas coisas que uma equipe deseja. De qualquer forma, eu meio que inseria minhas indagações ali no meio da brecha, e todos me atendiam, na medida do possível.
Na hora das minhas fofas e pertinentes perguntas, procurava ser rápido. Apesar de a equipe ser bem eficiente e tranquila, o clima de correria era uma constante. Era PRECISO concluir as gravações e, além disso, prolongar o tempo de trabalho não é daquelas coisas que uma equipe deseja. De qualquer forma, eu meio que inseria minhas indagações ali no meio da brecha, e todos me atendiam, na medida do possível.
Episódio que reconstruiu o caso "Maníaco do Parque". Não participei desse.
O programa tinha três diretores: Rodrigo Riccó, Neri Szimanski e David Vaz (esse deve ser meu parente). Com o primeiro eu acabei passando a ter maior convívio depois, porque ao menos no tempo em que fiquei no Tribunal ele se concentrava mais nas gravações em estúdio, enquanto eu ia sempre para as externas. Com os outros dois, rolava um esquema de uma semana um, gravando um roteiro, e na seguinte o outro, com roteiro diferente. Observei muito ensaio e direção de cena, tratamento com atores e os outros profissionais e fundamentalmente artimanhas da teledramaturgia. Cheguei até a dar uns palpites em algumas cenas. Acho que umas 3 vezes acataram minha sugestão. Pode soar como pouco, mas pra mim era quase um momento Spielberg.
Sobre a experiência nesse universo da teledramaturgia há muito - MUITO - o que falar (ou escrever). Acabei não falando mais sobre roteiro, plano de gravação, produção de externa, direção, a equipe e seus profissionais, locações, e a lista se expande... De qualquer sorte, aproveito para agradecer a toda equipe do programa, com quem aprendi muito. Pensei em colocar fotos que tenho com alguns dos integrantes, mas ficariam faltando muitos. Fico por aqui!
*O programa não está mais no ar. Tweetar
Severino, depois quero saber sobre os truques de maquiagem... O texto está legal, e o relato da sua experiência nos coloca de certa forma "vivenciando" a experiência em si. Essa sensação é bem interessante, fiquei até curiosa para saber como é, com os meus próprios olhos, já que só visualizamos o produto e não sua produção.
ResponderExcluirAinda tem muito o que falar mesmo, você nem falou das gostosas?!! Deixou de fora o mais importante. Deu mole...
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