Programa Livre da disputa por audiência


Rindo de minha própria vertigem, por causa de Passione, fiquei hoje pensando sobre os produtos das-oito (que na verdade é das-nove)... Entra e sai roteirista e a Globo consegue com suas novelas, mesmo com seus altos e baixos, manter uma média de audiência infinitamente superior às concorrentes.  Será que existe atualmente um programa capaz de quebrar a hegemonia do Plin-Plin no horário? hum... Tudo bem: o público da faixa horária mais famosa do país vem diminuindo... Ainda assim é complicado, né?

Sem dúvida o mérito é da Globo pelos bons números. Não é qualquer emissora que pode ter uma  padaria de capítulos de tão grande porte. Mas como existem pessoas que enjoaram de pão todos os dias ou simplesmente excluíram de sua dieta, faço outra pergunta: será que apenas a quantidade de telespectados importa para a sobrevivência de um programa?

A lógica das emissoras públicas diz NÃO: a qualidade dos produtos e a diversidade da programação são, inclusive, prioridade. Dessa maneira é mais importante oferecer aquilo que as demais não produzem, para que todo telespectado se satisfaça. Pena que as empresas privadas não pensam assim. Pra falar a verdade nem podem! Apesar das concessões, quem paga o leitinho das crianças da TV aberta é a publicidade e por isso audiência é fundamental.

Por um programa menos libertino e mais livre

A quantidade de  teleinteressados, no entanto, não é única forma de atrair clientes. Outra maneira bastante rentável para um programa é construindo um perfil mais preciso de sua audiência. No lugar de números, o público possui qualidades que o transformam numa reunião de consumidores em potencial de produtos específicos. O programa diminui o leque de possíveis anunciantes, porém torna-se mais atrativo para os que comprarem espaços no break, pois oferece maior retorno da propaganda veiculada.

Isso não é nenhuma novidade. A Record e (ainda mais) a Band há um tempo realizam experiências nesse sentido em relação às novelas das-oito. Já o SBT resolveu retornar com o Programa do Ratinho, talvez acreditando que seria capaz de repetir os bons resultados da década de 90, pontuais se considerarmos a história de liderança da Globo com sua teledramaturgia-master. Carlos Massa é popular e compete pelo o mesmo público-base da novela. Como o hábito de assistir o Plin-Plin é muito forte, a audiência do programa fica a mercê das pequenas flutuações de desaprovação dos enredos da concorrente.

 

Daí pensei que pode ser interessante, tanto para telespectados como para o SBT, trazer outro marco dos anos 90: o Programa Livre. Essencialmente elaborado para a juventude, esse teleproduto poderia estimular uma demanda reprimida que migra para a internet quando começa Passione. Concentrando um público jovem, bem informado e com forte poder de consumo, o Programa Livre, associado à sua própria história e à visibilidade do SBT, poderia atrair muitos anunciantes, mesmo possuindo números bem inferiores à Globo.

Um exemplo eficiente é o CQC que tá longe de alcançar a Tela Quente, mas consegue uma quantidade de clientes suficiente para ser bastante rentável. A Record, ao reprisar CSI (apenas para sul e sudeste por conta do horário de verão), e a Band, com NCIS, tentam o mesmo artifício para as 21h – influência, inclusive, do próprio SBT que obteve bons resultados ao exibir Supernatural no mesmo horário. Mas essa medida deixa as emissoras reféns das produções estrangeiras e com fortes riscos de perderem o público quando mudarem de série ou repetirem-na incessantemente. O formato do Programa Livre, além de fático e conativo, permite uma adesão mais duradoura, com controle maior dos insumos e capacidade de se reinventar caso necessário (respeitando, claro, o ciclo de vida de todo programa).

Pitaco

A grande questão é quem apresentaria o programa. Sem Serginho, abre-se grande lacuna difícil de ser preenchida. Não acho que tenha alguém no SBT que possa ser o apresentador (não por incompetência, mas por perfil, sintonia com o projeto), mas nem vasculhando as outras emissoras a tarefa fica fácil. Rolou na cabeça alguns nomes agora: Marcio Garcia (que fez um público jovem com O Melhor do Brasil e tem força pra conduzir o programa); Edgard Piccoli (uma versão mais tranqüila de apresentador, também possui forte apelo diante da juventude por seus anos de MTV e está meio perdido na Band depois de pegar o buzão errado...). Outras apostas mais ousadas seriam: André Marques (engessado no Vídeo Show, mas tem espontaneidade e bom humor interessante para o programa) e Marcelo Adnet (surfando na onda do stand-up que ninguém sabe se é marola ou pororoca).

Mas pensando nesse projeto e vendo as dificuldades financeiras do Grupo Silvio Santos fica quase impraticável contratar algum deles. De qualquer forma o SBT precisa arranjar maneiras de diversificar sua cartela de clientes, para depender menos do Baú e ajudar o patrão a sair da crise...

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