Betow em seu post sobre a MTV relembrou alguns programas dos quais sente bastante saudade. Motivado pela mesma nostalgia resolvi fazer algo semelhante. No post de hoje vou citar cinco teleprodutos que gosto muito e também considero importantes para a TV aberta brasileira. Os critérios para a escolha foram apenas dois: a memória (rs) e a sensação de imobilidade (diferente de passividade!), infelizmente rara no mundo do entretenimento dos retângulos. Vamos, então, para o que interessa!
“Afinal, o que querem as mulheres?” foi uma boa-série-louca!!! Um roteiro inusitado com personagens singulares, além de uma linguagem audiovisual rica e envolvente. Com idéia original e direção de Luiz Fernando Carvalho penso que não poderia ser de outra forma. Numa breve oportunidade farei um post falando apenas sobre seus trabalhos e sua relevância para a linguagem televisiva. Acho que nesse projeto ele foi bastante feliz, pois conseguiu aliar um universo temático bastante popular e conativo a um audiovisual mais rebuscado – comparado aos seus outros dois projetos: A Pedra do Reino e Capitu.
“Clandestinos” foi contemporâneo ao “Afinal, o que querem as mulheres?” e também uma série excelente. O roteiro foi sem dúvida sua maior força! Diálogos divertidos, com exploração das repetições (muito comuns ao teatro), imprimiram um ritmo bem dinâmico. A forma de narrar histórias lineares por meio da quebra do eixo tempo/espaço foi uma contradição também bastante prazerosa de acompanhar. A sensibilidade das cenas, associada ao flerte com o documental, deu ainda um tempero difícil de esquecer. Tenho esperança que um dia role uma segunda temporada. Tô na torcida!
“Norma” foi mais um projeto ousado da dupla Denise Fraga e Luís Villaça. Seu formato era muito interessante, juntava teledramaturgia convencional ao teleteatro, com nuances de sitcom. A participação do público era um diferencial que agregou muito ao teleproduto. A platéia, as pessoas nas ruas e internautas eram convidadas a contribuir na história da protagonista que trabalhava num instituto de pesquisa e tentava lidar com as crises de uma quarentona. Estrutura e conteúdo muito bem imbricados! O tirar/colocar de óculos de Norma/Denise era sempre um estranho/bom exercício de crença/descrença. Infelizmente o programa não ficou por muito tempo, por conta da baixa audiência, mas nem por isso se tornou menos importante!
Queridos Amigos foi uma minissérie especial. Conseguia ter uma cena melhor que a outra. Personagens fortes, bem construídos, com diálogos fantásticos! Pra mim foi uma das melhores histórias escritas por Maria Adelaide Amaral. Foi comovente acompanhar a vida de Léo, Lena, Tito, Vânia, Ivan, Lúcia, Rui, Benny, Flora, Pingo, Raquel, Pedro e Bia. Não posso deixar de registrar aqui a direção de Denise Saraceni e a atuação do elenco – totalmente condizentes com a densidade da trama. Querido Amigos foi a prova de que uma história voltada para o passado pode ser envolvente, que a memória pode ser, sim, uma mola propulsora da ação e que a saudade pode ter grande força dramática.
Por fim cito um programa que me marcou bastante. O mais antigo de todos já citados: o Cena Aberta. Lembro bem de como fiquei ao terminar de assistir ao seu primeiro episódio, uma mistura de euforia e concentração. Tava meu confuso com o que tinha visto, mas ao mesmo tempo feliz, sem mesmo saber o porquê (acabei pegando um pouco o espírito da Macabéa! rs). Na época achei o teleproduto tão inovador que até hoje o tenho como referência de uma das melhores produções da TV tupiniquim. Hibridismo de ficção e documentário bem resolvido, fruto da trinca audaciosa: Jorge Furtado, Guel Arraes e Regina Casé.
Bem, esse foi meu Top 5 das produções da TV aberta brasileira. Fico triste e preocupado por um lado, pois as cinco escolhidas são de uma mesma emissora e veiculadas numa mesma faixa horária. Pensar nos motivos dessa coincidência, no entanto, ficará para um próximo post.
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