O chaveiro do segredo
O vilão mascarado continua sua fuga. Ele passa em alta velocidade desviando de todos os carros até se deparar com um caminhão de frutas num cruzamento. Momentos antes da colisão ele consegue parar o carro e continua a escapada a pé. O exército, a tropa de elite, a polícia internacional e até o mocinho da história seguem atrás dele. Enquanto corre, o mascarado empurra dondocas, senhoras, crianças e animais indefesos pela calçada até que dobra a esquina e percebe que está num beco sem saída. Antes dos justiceiros alcançarem-no, ele encontra uma entrada pelo sistema de ventilação de um dos prédios ao lado e mantém a fuga de joelhos.
Ele sobe até o heliponto do prédio e não sabe mais para onde ir. Quando todos chegam para prendê-lo ele ameaça pular. A mocinha (que acompanhou toda corrida e está com seus cabelos ao vento e sem uma gota de suor) grita para o mascarado não pular, pois o perdoa mesmo sem saber quem ele é... De repente um helicóptero se aproxima do bandido e do alto jogam uma escada de cordas. Ele prontamente pula e prepara a sua melhor gargalhada, quando é surpreendido pelo mocinho que tira do bolso uma faca presa a um chaveiro suíço (presente que ganhou da mocinha no primeiro encontro) e arremessa contra corda que parte em pleno vôo. A mocinha, em prantos por olho só, grita nããããããããããooo, enquanto o fugitivo cai e mantém-se inteiro ao encontrar o chão.

Tempos Modernos
Todos entre aspas. Enquanto que pelo televisor era revelado o segredo de todo mal, Sergio assaltava a geladeira, sua esposa refazia os cálculos (rezando para ter se enganado), a sogra paquerava no MSN e a filha roncava na sala. Apesar da situação aparentemente absurda, esse fato não é tão extraordinário quanto se pensa. O ato de simplesmente ligar a TV em determinados momentos do dia é uma prática bastante comum em muitas famílias.

Devolvendo a César
Mas a culpa é nossa também. As emissoras, mesmo com sues deveres devido à concessão pública, como qualquer outra empresa privada buscam sobreviver e gerar lucro. Se audiência é o produto, são os próprios telespectados os responsáveis em direcionar os investimentos do telenegócio através de seu teleinteresse. Uma vez usando a televisão como aquário decorando a estante, sem de fato assistir seu conteúdo, por puro hábito de ligá-la, fica complicado depois reclamar da programação, por sentir já ter visto as “novidades” apresentadas nela.
Livrar-se de uma ação rotineira não acontece de uma hora pra outra. Mas por experiência própria posso dizer que é libertador. Então se enjoou, muda. Se não quer ver outro programa, desliga a TV. O controle nos dá a opção de canais e também de usar o aparelho, ou não. Fazemos o que queremos com os nossos momentos de lazer, mas se ligarmos a televisão pelo programa ao invés do costume, os veículos perceberão que nem sempre desejamos saber que quem matou Fulano foi...
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